sexta-feira, 15 de junho de 2012

Simples, bem simples...

A saída era toda sobre comer um gelado. Fui buscar a B. ao colégio, combinei com o papá para ir buscar a M. e encontrávamo-nos numa esplanada à beira mar. Para comer um gelado. Estava calor, muito calor. E eu estava desde o almoço com vontade de comer um.
E quando íamos para a esplanada, passamos no passadiço por cima de um riacho. E a B. viu uma pata, e atrás dela 12, sim 12 patinhos, bem pequenininhos que a seguiam com todo o imprinting que só os patinhos sabem ter.
E a passeata deixou de ser sobre o gelado e tornou-se toda sobre os patinhos. Maravilhoso o ar deliciado da pequena "ó mãe que lindos, e que fofinhos, e que queridinhos". É mesmo giro perceber que a Miss B. já conhece tão bem o sentimento de empatia. Esteve o tempo todo a perguntar "e aquele? não se vai perder? e será que tem fome? e onde é que vão dormir?".
Fiquei a pensar como é que podemos potenciar isto nos miúdos, este sentimento de cuidar, de nos preocuparmos com o bem-estar dos outros. Mesmo que sejam patos...
Dizia-me a minha formação que algumas correntes fazem depender a empatia da capacidade de corresponder, cognitivamente, às emoções dos outros, e que isso não seria possível em idades muito precoces. A empatia é geralmente definida como um fenómeno que permite ao indivíduo “colocar-se no lugar do outro” ou “sentir o que o outro sente, na perspetiva do outro” ou, então, é apresentada como “uma resposta de uma pessoa ao estado afetivo de outra”. E só gente grandita saberia fazer isto.
Mas os exemplos lá em casa repetem-se. A B. zanga-se muito quando um dos pais se zanga com a M.
A M. gatinha para perto da B. quando ela está a chorar, ou a fazer uma birra. E algumas vezes tenta tocar-lhe, ainda que de uma forma pouco precisa, mas claramente a dizer “eu estou aqui!”.
A B. sempre que vê um daqueles cachorros com ar triste, pára tudo o que está a fazer e qual gato das botas do Shrek lança-me um "óóóó mãe! coitadinho!!!"
Por isso, parece que isto da empatia pode ser potenciado nos nossos pequenos...Então e como?
Bolas, quase parecia que estava prestes a descobrir a pólvora...mas afinal parece que não. Parece que a resposta é simples: pelo exemplo! Como é que nós tratamos os outros? Como é que tratamos os outros nos dias em que "sim, senhor, isto hoje corre-me bem e de feição, e estou mesmo com vontade de ser um doce de cocô com toda a gente", mas sobretudo nos dias em que estamos zangados, frustrados, irritados e com vontade de mandar o mundo todo àquela parte. E como é que tratamos os nossos filhos? Como é que respondemos à sua necessidade de empatia?
Provavelmente será assim que eles serão empáticos com os outros, observando e imitando o nosso exemplo...
Portanto, e como se já não nos chegasse todo o trabalho que dá ser mãe, parece que ainda temos mais este: sermos as melhores pessoas que podemos ser...para os nossos tesouros aprenderem com os melhores!
Simples, bem simples...

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